O mercado brasileiro de veículos elétricos atravessa uma fase de crescimento acelerado e inédita. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as vendas de modelos 100% eletrificados atingiram recorde em 2024, ultrapassando 61 mil unidades — alta de 89% em relação ao ano anterior. O ritmo positivo continua em 2025: no primeiro semestre, o setor registrou avanço de 9,5% nas vendas. Atualmente, a frota nacional supera 400 mil veículos eletrificados, predominada por híbridos, seguida por híbridos plug-in e elétricos puros. Apesar dos desafios de infraestrutura, o país já se consolida na rota da mobilidade sustentável, com fábricas como a da BYD em Manaus exercendo papel estratégico nessa transição.

Instalada no Polo Industrial de Manaus desde 2020, a operação da fabricante chinesa vive uma de suas fases mais promissoras. Inicialmente voltada à produção de módulos de baterias de fosfato de ferro-lítio para ônibus elétricos, a planta se prepara agora para ampliar a capacidade e diversificar o portfólio.

“A expansão está em estágio avançado de implantação e operação das novas linhas. Vamos aumentar significativamente a produção, incluir novos produtos e reforçar a eficiência dos processos”, afirma Kleber Costa, supervisor de compras nacionais e internacionais da empresa.

Entre as novidades, está a adoção da tecnologia Blade, utilizada nos veículos elétricos leves da marca, que oferece maior segurança, melhor aproveitamento de espaço, durabilidade e desempenho. A planta também passará a fabricar barramentos de alumínio 1060, que contribuem para reduzir peso, melhorar a condutividade elétrica e otimizar a dissipação térmica.

Hoje, a unidade tem capacidade para produzir 54 mil módulos de baterias por ano, o que permite equipar até 2 mil ônibus elétricos e evitar a emissão anual de aproximadamente 100 mil toneladas de CO₂. Para receber as novas linhas, a fábrica recebeu investimentos em maquinário pesado, automação e adequações para atender aos padrões globais de manufatura da BYD.

A inovação não para no hardware: a unidade de Manaus também está incorporando soluções de Inteligência Artificial (IA) no controle de qualidade, segurança e eficiência dos processos, alinhada à estratégia global da companhia.

A ampliação deve gerar novos postos de trabalho diretos e indiretos. “Nosso compromisso com o desenvolvimento local é permanente. A criação de empregos é consequência natural desse movimento”, reforça Costa.

William Souza é articulista de economia do Grupo Norte Diário, onde publica textos sobre comportamento, tecnologia e negócios.